7 de abril de 2010

««Tentei fugir da mancha mais escura que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos

a loucura de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti

há corredores e em quartos interiores
o cheiro a fruta que veste de frescura a escuridão ...
Só por dentro de ti rebentam flores.

Só por dentro de ti
a noite escuta
o que sem voz me sai do coração. »»

David Mourão Ferreira

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